terça-feira, 4 de novembro de 2014

Yamaha XTZ Crosser 150 - finalmente 1000km

Ainda não coloquei a motoca na estrada, por isso demorei tantos "séculos" pra alcançar os 1000km e fazer a primeira revisão! Até que enfim acabou o amaciamento chato!
O valor seguiu o preço da tabela da própria cc e com desconto por ter feito a revisão na cc onde foi comprada - não achei barato, a primeira da PCX saiu muito mais barata (algo em torno de 30%) e a moto foi lavada. Na Yamaha foi mais cara e a moto foi entregue sem lavar.
Com a crise de abastecimento de água eu não estou lavando a moto, nem mandando lavar, ou seja, ela entrou marrom na cc e saiu marrom.
Como estou utilizando somente na cidade, e meus trajetos são curtos e eu não saio todos os dias com ela, foi um verdadeiro tormento chegar nos 1000km!

Abasteci com álcool pela primeira vez logo após o tanque esvaziar depois da primeira revisão, eu não tinha feito isso antes pois estava fazendo muito frio, e eu temia que ela ficasse ruim pra pegar de manhã. Coloquei álcool aditivado da Shell, e devia ter ainda uns 5l de gasolina no tanque.
Não senti diferença na tocada, nem nas respostas, mas senti que ela titubeia um pouco até que o motor esquente, como eu saio de casa já numa subida, consegui sentir bem as "engasgadas".

O consumo piora um pouco, fez 32km/l ante os 38km/l com gasolina. Sinceramente não sei se volto a colocar álcool novamente.

Apesar de ler alguns relatos de outros proprietários de que os raios das rodas estão quebrando, os da minha estão 100%.

Me acostumei com os freios (como já havia relatado), mas não confio neles, comprei um aeroquip (condutor de malha de metal que leva o fluido de freio pra roda), só não tive tempo de levar pra instalar, vamos ver se melhora. A roda traseira trava com uma facilidade grande - mas isso é resquício de pilotar scooter, depois de derrapar algumas vezes, aprendi na porrada a redosar a divisão de frenagem e inverter a ordem - como scooter tem a massa concentrada na roda traseira, segundo aprendi e sempre funcionou, aciona-se o traseiro antes do dianteiro... fiz isso na moto e a traseira travou e derrapou, por sorte mantive o controle em todas as vezes que isso aconteceu.

Ainda não existe cavalete central pra ela, isso faz falta, precisei comprar um cavalete eleva moto pra poder fazer a manutenção da corrente. Cheguei a escrever pra Chapam preguntando sobre a possibilidade de desenvolverem um, mas a resposta foi: "Não temos".

Alguns acessórios já começaram a surgir - slider e protetor de motor, mas não sei se colocaria um protetor numa moto com motor tão pequeno, o slider, talvez.

Agora que já me habituei com as marchas, o que posso dizer sobre elas é o seguinte: as 3 primeiras são curtas, tanto que, na maioria das vezes, eu acho que estou em 2ª, mas estou em 3ª, já saí em 2ª várias vezes; numa avenida de velocidade mais alta e com topografia variável (av Rubem Berta - 23 de Maio), eu quase não engato a 5ª marcha pois a moto perde bastante força na subida, e pra manter a agilidade, o motor precisa estar sempre "cheio" (acima de 6000 rpm).

Yamaha XTZ Crosser 150 - mais algumas impressões


Apesar de ainda não ter pego estrada, farei mais algumas considerações depois de andar mais algumas centenas de km com ela.
Já apanho menos agora, meu neurônios já pararam de mandar frear na manete da embreagem, mas em compensação ando travando a roda traseira com excessiva frequência pois eu simplesmente "esqueço" de apertar a manete do freio dianteiro... como eu usava mais o freio traseiro nos scooters ainda estou com esse vício, só que sem o peso do motor na traseira a roda trava fácil.

A impressão de freio borrachudo está diminuindo, provavelmente por estar acostumando a pressionar a manete com mais força.

Agora já estou acostumando com o tempo de marcha, eu estava trocando as marchas cedo demais e a moto parecia mais lenta que a PCX, pra aproveitar o torque preciso subir mais o giro e com isso o motor "grita" um pouco mais. Não adianta, por mais que eu tenha 2 motos com marchas, uma é completamente diferente que a outra na tocada.
Como pilotava scooter no dia a dia, não estava habituado a essas oscilações de som do motor e acabava sacrificando torque pra fazer menos barulho... bobagem... ou ela grita ou não sobre morro!

Como entrei em férias 10 dias depois de pegar a Crosser, ando fazendo trajetos muito curtos e ainda não abasteci uma segunda vez (48 dias desde o primeiro abastecimento), acho que ela chega a 300km de autonomia.

Pra variar, compro uma moto recém lançada, e os acessórios quase inexistem, apanhei da PCX por causa disso, e acho que gostei pq comprei outra moto na mesma situação.
Eu já tinha um bauleto que usava na Citycom, passei pra PCX depois de alguns meses pois nem suporte tinha no mercado pra ela, e mesmo assim tive que fazer uma gambiarra pois a base não encaixava na furação do suporte.
Quando decidi comprar a Crosser, já comecei a tentar encontrar um suporte pra instalar o bauleto, pois sabia que teria problemas, a base do bauleto Shad SH40 só vem com área furada nas extremidades e os furos do bagageiro da Crosser são mais localizados no centro. Aliás, quem for comprar a Crosser preste muita atenção a esse detalhe pois nem as bases com fundo colméia estão casando com os furos do bagageiro, por vias das dúvidas já providencie a chapa pra instalar.
O bom do site da Yamaha é que na área de acessórios tem praticamente tudo que você precisa, mas nenhuma concessionária tem pra vender. No site da Yamaha existe uma chapa da Roncar que serviria justamente para instalar um bauleto que não encaixa nos furos existentes... doce ilusão, essa chapa só existe no mundo virtual... entrei no site da própria Roncar, a Crosser não consta nem na lista deles, muito menos a chapa... comecei a vasculhar o site e encontro uma chapa mais larga para bauleto Shad acima de 40l! Mesmo que os furos não batessem, é mais fácil fazer um furo novo!
Essa chapa chegou e fui estudar uma maneira de fixá-la... pelo menos 2 furos bateram... só tinha que fazer mais 2, e tinham alguns que casavam com os furos da base do bauleto... UAU, mais fácil do que eu pensava!
Como não tenho bancada, fui fazer o primeiro furo com broca fina na marcação... desastre! A broca correu pela chapa inteira! Toca achar um prego pra bater na marcação e que ajudará a segurar a broca no lugar! Que perrengue! 3 brocas de tamanhos diferentes pra conseguir o diâmetro dos parafusos.
Furos feitos, fui instalar a chapa... os buracos estavam 1mm fora do lugar! E toca alargar os furos da chapa!
Enfim... chapa instalada! Fui instalar a base do bauleto... os 2 furos da base que casavam na traseira da chapa ficavam encostados demais na alça do bagageiro! #&*%$#! Não tinha como apertar as porcas! Tive que fazer 2 furos novos na chapa pra poder fixar a base do bauleto! Desinstala a chapa, e outro perrengue pra fazer esses 2 furos novos!
Agora sim o bauleto estava instalado! Mas infelizmente não tem como colocar uma porca borboleta pra prender o bauleto à base e evitar que ele voe, não tem espaço na parte de baixo! O negócio é amarrar com elástico mesmo!

Depois desse perrengue, deixei pro dia seguinte a instalação da antena corta-pipa, a tomada 12v e os refletivos nas rodas.




Agora a motoca está equipada com o básico pra mim (bauleto, antena, tomada e refletivo), o que vier agora é firula!



quarta-feira, 4 de junho de 2014

Yamaha XTZ Crosser 150 - Primeiras impressões

Tratorzinho - Yamaha XTZ Crosser 150



04/06/2014 - Quarta feira
Depois que peguei a motoca no sábado dia 30/05/14, só fui andar nela na segunda e ontem terça feira.
Nessa fase de transição scooter - moto, eu ainda freio às vezes apertando a manete da embreagem, segunda feira tomei um susto, quase entrei na traseira de um carro por conta do ato reflexo de frear apertando as 2 manetes.
Sei que são categorias diferentes, mas é difícil não comparar a PCX com a Crosser, ainda mais por possuírem a mesma cilindrada e terem como proposta serem motos urbanas.

A PCX tem o som do motor que parece mais "azeitado", parece que todos os componentes estão envoltos em óleo, a Crosser tem o som do motor mais "ardido" parece que o motor está seco.
A PCX quando está fria, por conta do CVT, vibra muito, chega a ser até incômodo, depois que esquenta isso passa e não se sente quase nada - o assento estar distante do motor ajuda muito.
A Crosser quase não vibra, é bastante suave e por estar muito frio nesses dias eu não consegui sentir o calor do motor nas pernas (a Tiger frita as coxas).

Por ser mais baixa e com distribuição de peso mais equilibrada, a PCX é absurdamente leve, fácil de manobrar, de se esgueirar nos corredores, serpentear entre os carros e corrigir trajetos de curvas, a motoca fica na mão o tempo todo, mesmo sendo 4kg mais pesada 124kg X 120kg da Crosser.
A Crosser parece mais pesada, o centro de gravidade é mais alto e sinto mais dificuldade em manobrá-la comparando com a PCX. E não tem jeito, o câmbio manual te faz perder agilidade, principalmente pra serpentear entre os carros, talvez isso melhore quando eu me integrar melhor com a motoca.

Tanto a City quanto a PCX são imbatíveis nas saídas de semáforo - sinto falta do CVT nesses momentos!

Como a Crosser ainda está amaciando (não rodei nem 100km com ela ainda), estou achando-a sensivelmente mais fraca do que a PCX, pois o ganho de velocidade parece mais lento. Mas pode ser só impressão causada pela posição mais alta de pilotar junto com o lag de mudar as marchas. Senti bem isso trafegando pela 23 de maio nas ultrapassagens, com a PCX era enrolar o cabo e ela disparava.

Como minha primeira moto com marchas foi a Tiger, meu referencial pra uso das marchas era ela... e uma está à km de distância da outra, a Tiger na cidade alterna-se entre 1ª e 2ª marchas, nada além disso, só vai precisar de uma 3ª e 4ª com a via muito livre (5ª e 6ª vc nem lembra que existe). Numa moto pequena isso muda muito! Acaba-se cambiando infinitamente mais e usa-se todas as marchas. Na situação de trânsito pesado mas andando em que eu estaria em 1ª na Tiger, estou em 3ª na Crosser.
Na Tiger eu nunca cheguei perto da faixa vermelha do RPM, na Crosser eu tenho que tomar cuidado pois estou sempre encostando, as 2 primeiras marchas são bem curtas.

Eu apanhei um pouco pra subir uma ladeira muito ingrime perto de casa (para visualizar, eu subia essa ladeira a pé e esticando os braços pra frente faltava pouco mais de 30cm pra encostar os dedos no chão), com a City e a PCX, bastava enrolar o cabo que ambas subiam sem perder velocidade. Com a Crosser consegue-se subir até metade em 2ª depois tem que reduzir e escutar o motor berrando perto dos 8 mil RPM, ou subir em 1ª com o motor berrando (fui engatar segunda e foi um desastre!).

A suspensão é excelente, não chega a ser um primor como a Tiger (que parece andar sobre trilhos), mas não levo mais uma surra da moto andando pelo asfalto lunar de Sampa. Fim de curso e pancada na coluna são coisas do passado agora!
Como eu tinha instalado o banco confort na PCX (o banco original é um pedaço de madeira), achei o banco da Crosser duro, meu traseiro ficou mal acostumado, mas foi questão de adaptação, ontem não senti mais essa dureza toda.
O cambio da Crosser é tão macio e preciso como o da Tiger, gostoso de trocar as marchas, fácil de achar o neutro.
As manoplas não são boas, achei-as finas demais, preciso ver se existe alguma manopla mais confortável pra ela, ou vou acabar enrolando um grip de raquete de tênis.

Os freios são borrachudos, o traseiro à tambor ainda mais, tô pensando seriamente em instalar aeroquip pra ver se o freio dianteiro responde mais rápido. 

Nesse período de novidade, o namoro com qualquer motoca nova é sempre bom, pois é o período de descobertas e adaptações, época de descobrir qualidades e defeitos e principalmente comparar com suas referências anteriores e tirar algumas conclusões.
Como estou também adquirindo prática em pilotar no dia a dia, uma moto com marchas e criando conexões neurais de modo que tudo fique mais automático, a tendência é que eu  vá sentindo, com o passar do tempo, muito mais o que é a motoca nova de verdade, pois por enquanto, pilotá-la está exigindo uma concentração extra.

O que posso concluir é o seguinte, scooter é o veículo ideal para andar na cidade, é ágil, prático, fácil de pilotar, mas se o asfalto do seu percurso diário é ruim, o sonho vira um pesadelo, as carenagens começam a fazer barulho e as pancadas na base da coluna acabam te tirando do sério.
E ramo que ramo! Assim que fizer um passeio com ela, volto pra contar como foi o comportamento na estrada.

domingo, 1 de junho de 2014

Novidades nas 2 rodas - Honda PCX 150

No começo tudo é lindo! Brinquedo novo!


A coitada da bike tá encostada, quando dava pra pedalar, chovia, quando não dava fazia sol... enfim. E quando dava e fazia sol, peguei uma gripe animalesca!

Andar de moto mudou minha vida de uma maneira bastante positiva, pois inicialmente pensava na moto como um meio de transporte mais eficiente para o trabalho, e só. Ficava enfurnado em casa pois o trânsito em Sampa não tem mais dia nem hora.
Depois que fiz meu primeiro passeio, fiz vários outros, e isso aumentou, e muito, meu círculo de amizades. É muito bacana estar reunido com essa galera que curte passear de moto, não importa que moto seja, cada semana um amigo novo, lugares novos, e muitas risadas!

Eu ainda estava me incomodando com a City pra andar na cidade, minha inexperiência aliada à altura do banco e o peso dela me atrapalhavam para manobras em baixa velocidade. Mas gosto MUITO dela na estrada e em vias de trânsito mais rápido.
E a Honda lança a PCX 150, hummm interessante, começo a acompanhar mais de perto.
Nos grupos de moto do Facebook que acompanho, burburinhos, até que acho um grupo da PCX, e ela mal tinha sido lançada. Grupo PCX Clube Brasil.
Como ela nem tinha chego às lojas, os posts eram mais simples, o que acontecia lá fora, as modificações...só que vi que um pequeno grupo de São Paulo (10 pessoas), foi convidado a fazer um test ride dela lá na pista de provas da Honda em Indaiatuba. Postaram vídeos, primeiras impressões, etc.
Até que finalmente a data de chegada nas lojas é anunciada, esse mesmo grupo conseguiu parceria numa concessionária e seriam os primeiros a comprar o primeiro lote que chegasse.
Continuo acompanhando e começo a ver que estão cobrando ágio e a fila de espera está passando dos 30 dias. E faço um simples comentário: " Putz, se continuar assim só vou comprar a minha no final do ano!". Poucos minutos depois, o "dono" desse grupo do FB me manda uma mensagem dizendo que um dos componentes (daqueles 10) não vai poder comprar a PCX pq a carta de crédito dele do consórcio está vinculada à outra concessionária e se eu não queria entrar no lugar dele.
Uma oportunidade dessas, eu não poderia perder! Fui na mesma semana (23/05) na CC e fiz a reserva!
A semana do feriadão (Corpus Christi) chegou e como eu já tinha marcado viagem (sairia de Sampa na terça) não iria retirar a moto naquela semana, ainda bem, porque houve um erro de cadastro do código da PCX no Detran e ninguém estava conseguindo fazer seguro nem licenciar a moto e as entregas foram suspensas.
Feriadão acabou, segunda-feira é um dia pesado pra mim, não dá tempo pra nada além de trabalhar. Na terça ligo na CC pra perguntar quando vou poder retirar a moto, e pra minha alegria, ela estaria pronta na sexta! Já começo a cotar o seguro e deixar tudo pronto.
Finalmente chega a sexta-feira (07/06)! Ligo na CC de manhã pra confirmar e o vendedor me dá o ok, que as 15h posso ir lá.
Chegando lá, vejo a Priscila que também ia retirar a sua, o Edson que é o dono do grupo e está acompanhando as entregas, o Ronaldo que tinha pego a dele no dia anterior. Todos animados! O Ricardo chegou logo depois, ia retirar a dele tb.
Uma a uma as motos foram entregues, e ficamos todos lá esperando, conversando, até que nós 3 estivéssemos devidamente montados em nossos novos brinquedinhos.
E saímos os 5 em comboio, em direção a um posto de gasolina pq a CC entrega a moto só com um cheiro no tanque. Mas logo que paro na porta da CC pra sair... a moto morre, como assim? O que eu fiz de errado? Daí me lembro do Idling Stop que desliga o motor quando a moto para por mais de 3 segundos e que volta a ligar logo que se aciona o acelerador... por via das dúvidas, dou um toquinho no acelerador e ela volta à vida! Ok, então tá tudo certo.
Depois de abastecidos decidimos ir até um local no Planalto Paulista que serve empanadas, para comemorarmos... só que estávamos na hora do rush de sexta feira! E a CC é na Lapa. Daí comecei a ter calafrios pois teríamos que trafegar pelos corredores da Av Paulista.

Eu tô lá no fundo, a única PCX vermelha

Impressionantemente a PCX parece uma bicicleta no trânsito, passa fácil nos corredores e serpenteia com uma facilidade que eu jamais conseguiria com a Citycom.
O motor é muito silencioso, e o silêncio aumenta ainda mais quando se para no semáforo e a moto "morre" (não tenho definição melhor, a sensação é essa mesmo, o motor morre), e além da sensação auditiva, tem a corporal pq a vibração tb cessa. Conversar com os amigos foi engraçado pq a gente não precisava gritar, a gente se ouvia sem aumentar o tom de voz, muito chique isso! Mas como "mágica" basta girar o manete do acelerador para ela sair em disparada. Por conta dessa tecnologia ela não tem aquele barulho característico do motor de partida quando se liga a moto, é algo instantâneo, como ligar um liquidificador.
Os faróis são ótimos, os freios também.
Ela demora mais que a City pra ganhar velocidade, as acelerações são suaves, a City é mais bruta.
Manobrar na rua foi o paraiso, posso ilustrar assim a City é um Focus e a PCX um smart.

Depois do período do "começo de namoro"...


8 meses depois e tenho vontade de jogar a PCX do viaduto!
Não tenho do que reclamar da manobrabilidade dela e da agilidade em trafegar no trânsito louco de Sampa, isso continua igual, mas...
Banco, suspensão e pneus são um horror!
O banco é forrado com um material que escorrega, cada toque no freio você escorrega pra frente, tenho que ficar andando e me reposicionando, tem um "cocoruto" no banco que te limita a se acomodar melhor e ele fica muito pra frente, se eu conseguisse sentar 3,0 cm pra trás já iria melhorar a postura. E a espuma é dura, quase inexistente!
A suspensão traseira é curta (como em todo scooter), mas é dura em excesso e não tem nenhuma regulagem! Com o asfalto Off Road de Sampa é como ficar sentado num touro mecânico, eu piloto poucos km por dia, mas minha coluna está despedaçada! A Citycom também me dava dor na lombar, mas só depois de muitos km pilotando, a PCX tritura minha lombar depois de 15 minutos!
Os pneus são perigosos na chuva, parece que têm sabão, escorregam com uma facilidade impressionante!
Para torná-la mais usável, teria que investir mais de R$1000 reais em melhorias, e sinceramente, não sei se vale.
Um amigo resolveu vender a PCX dele e anunciou o amortecedor Cmotos e o banco confort separado... acabei comprando! Vamos ver se agora vai!
Banco trocado, amortecedores tb... interessante, tá mais macia, a dor na coluna diminuiu um pouco.
Mas a alegria durou pouco, realmente scooter é incompatível com minha coluna, ainda mais nesse nosso asfalto lunar!

Trocando a PCX - não deu mesmo, minha coluna não aguentou!

Depois de longo e tenebroso inverno, cá estou de volta!
Não teve muito jeito, troquei banco e suspensão da PCX, e ela continuou a destruir minha coluna (não ela em si, mas nosso asfalto lunar).

É um scooter delicioso de pilotar, leve, ágil e com excelente arrancada, mas como todo scooter, o curso curto da suspensão traseira não casa com nosso asfalto ruim, a Citycom também machucava minhas costas, mas não tanto como a PCX.

A situação estava tão insustentável que eu evitava o quanto podia sair de casa de moto, pois sabia que iria ficar com a coluna doendo.
Depois de árdua pesquisa, acabei selecionando 3 candidatas para substituir a PCX: Dafra Apache 150, Yamaha Fazer 150 e a Yamaha XTZ Crosser 150.

A Apache é uma moto absurdamente completa pra categoria, tem lampejador de farol, relógio no painel, corta corrente, amortecedor traseiro à gás, etc... mas é carburada, e isso me incomodava bastante.
As Yamahas são primas, dividem mesmo motor, câmbio e painel. A Fazer 150 é mais barata que a Crosser 150. Pelo centro de gravidade mais alto, a Crosser parece ser bem mais pesada (na verdade é só 1kg mais pesada).

Quando fui à concessionária pra ver e fazer o test ride das motos, meu maior receio era a altura da Crosser e minhas pernas curtas serem incompatíveis.
Pra minha surpresa, a Crosser me deu pé, obviamente não encosto os pés inteiros no chão, mas fiquei com apoio melhor do que com a Tiger, e consegui manobrar bem a motoca. 

Tecnicamente a PCX é mais baixa, mas como você pilota sentado e o banco é mais largo eu não apoiava o calcanhar no chão. A Tiger, depois de rebaixada, está 1,0cm mais baixa que a Crosser, mas o banco é mais largo e eu fico só com as pontas dos pés no chão, a Crosser é mais estreita e eu acabei ficando com o mesmo apoio que ficava com a PCX.

Eu estava pendendo pra Fazer 150, o preço mais baixo e finalmente encostar os pés inteiros no chão estavam me encantando... fui pra casa pesquisar um pouco mais sobre elas. A Fazer 150 tem mais acessórios à venda, legal, não é um latifúndio de coisas como é para as Hondas, mas tem alguma coisa. A Crosser não tem absolutamente nada de acessórios, nem cavalete, no máximo uma chapa de metal pra instalar o bauleto (mosca branca, só uma cc em Sampa que tem).

Daí me deparei com algumas matérias de teste e vídeos da Crosser, rasgando elogios para a suspensão, principalmente por ter link na traseira... ferrou-se, se eu quero trocar a PCX por causa da suspensão ruim, não posso arriscar comprar a Fazer 150 que, pelos comparativos, é mais rígida que a Titan 150.
Fiquei 1 semana e meia "dormindo" nesse assunto pois precisava esperar vencer o seguro da PCX pra poder transferir de corretora e transferir o seguro.

No final de semana decidi pela Crosser mesmo, e já comecei a correr atrás da chapa pra instalar o bauleto, nada... entrei no site da Roncar que fabrica essa chapa, e eles não têm pra vender no site (só devem vender para as CCs ), daí me deparei com uma chapa larga para bauleto Shad acima de 40 litros... uia, mesmo que a furação não case, dá pra fazer novos furos, peça comprada!

Bom, a moto não tem cavalete, e nem existe pra comprar... toca buscar um cavalete eleva moto... muitos modelos, mas como ela é mais alta, acho que um eleva moto comum não deve servir, preciso de um que sirva pra moto trail... achei, da Chapman, eleva a moto pelo meio e não pelas rodas... comprado tb!

Dia 26/05/14 fecho a compra da Crosser, resolvi instalar alarme na CC mesmo, entrega prometida pra sábado 31/05 (mas como sei que isso atrasa, tava mais esperando pegar a moto na segunda).

Sabadão chega, passeio BV marcado pra Apiaí com uns amigos, final de semestre, provas pra corrigir, médias pra fechar e lançar... esqueci de verificar se a Tiger tava viva ainda... madrugo, tomo café, vou ligar a Tiger... nem sinal! Aviso meu amigo que se eu não chegar no PE é pq a chupeta não funcionou, depois de uma breve luta pra tirar o banco e acessar a bateria, cabos conectados e ... nada! Aviso novamente que não deu mesmo (chateado...faz tempo que não pego estrada com a Tiger). Conecto a bateria num carregador de bateria e rezo pra funcionar. Entro em casa, desanimado, tiro as roupas de moto... o jeito agora é voltar a dormir... 9h o vendedor me liga: "Pode vir retirar a moto". UAU, ganhei meu sábado de novo! Chamo um táxi e vou pra CC.
Motoca apresentada, alarme apresentado, o vendedor pede pra eu dar uma volta no estacionamento pra ver se precisa ajustar alguma coisa, aparentemente não.
Tiro a foto da retirada:


Daí bateu um medinho...putz desde que voltei de viagem não peguei mais em moto com marcha, mas rambora!

Fui dando pescoçada da CC até o posto de gasolina e depois até em casa, daí eu percebi como a curva de torque da Tiger é fenomenal, as reduções são super suaves! Na Crosser, cada redução foi um tranco no pescoço!

A embreagem é macia e o câmbio é muito bom, as marchas entram com facilidade, mas vai levar um tempo até eu me acostumar com ela, pois vi que motor menor demanda cambiar muito mais, a Tiger, na cidade, anda-se quase o tempo todo entre primeira e segunda, na Crosser percebi que precisa alternar entre as 5 marchas o tempo todo. A ladeira que eu desço em primeira na Tiger pra usar o freio motor, tive que descer em terceira na Crosser. 

A suspensão é realmente muito boa, mas como estava com banco confort na PCX, achei o banco da Crosser duro... minha bunda ficou mal acostumada! É engraçado como a opinião muda conforme o referencial, os textos dos testes dizem que o banco da Crosser é mais confortável que o da Fazer 150... se eu achei o da Crosser duro, o da Fazer deve ser uma tábua, tipo o banco original da PCX.

Cheguei em casa e já peguei as ferramentas pra transferir o bauleto da PCX pra Crosser. Peguei a chapa que comprei e fui verificar se os furos batiam... só os da frente batiam e ainda deixavam a base do bauleto um pouco mais pra trás do que seria o ideal... mas pra colocar a chapa no local que seria o ideal, eu teria que fazer 2 furos e alargar os 2 furos de trás... melhor deixar com os furos da frente batendo e só ter que fazer 2 furos mesmo! Furos marcados, broca pra metal fina, média e grossa separadas e bora furar! Não foi fácil, mas consegui... e obviamente os furos não ficaram nos lugares certos e tive que alargá-los um pouco mais. Finalmente os 4 furos bateram, instalei a chapa no bagageiro e comecei a instalar a base do bauleto... "Houston we have a problem!" as aberturas da base que encaixavam com as aberturas da chapa ficaram próximas demais da alça do garupa e o parafuso não ia até o fundo! &%$@*&, vou ter que fazer mais 2 furos na chapa! Marquei a posição dos furos novos, tirei a chapa do bagageiro e lá fui eu furar novamente a chapa! Soubesse disso teria alargado os furos de trás e refeito os da frente!

Depois dos novos furos feitos, a instalação fluiu! Finalmente, depois de muito suadouro, o bauleto estava instalado!

 
Como não tem como colocar uma porca borboleta pra prender o bauleto na base, tive que fazer uma amarração pra evitar que o bauleto voe.

Próximo passo, instalar o suporte pro GPS, a Tomada 12v e a antena corta pipa.
Antena corta pipa eu tinha uma extra da época da Citycom e ela coube no parafuso do retrovisor. O suporte pro GPS ficou num local bom, bem no meio e não cobre o painel.

A tomada 12v foi mais uma novela, pois ela não podia atrapalhar virar o guidão e não podia ficar atrás do GPS pq não sobraria espaço pra conectar o cabo do GPS... consegui achar um local bom.

Toca estudar a fiação da moto pra ver por onde ia passar os fios e se iam chegar até a bateria... faltou 30cm de fio! Daí já tava cansado! Prendi os fios pra fazer a emenda depois, pois ainda precisava ver aonde eu ia guardar a PCX na minha garagem torta e ver se o carregador de bateria funcionou na Tiger.

Desconectei o carregador, virei a chave e as luzes de acenderam... bom sinal. Aciono a partida e ela começa a ir, pega, mas morre...caraca! Mais uma vez! Pega e morre! Resolvo ligar com o acelerador virado... Pegou, engasgou e segurou engasgando! Saiu fumaça do motor! O motor parou de engasgar, diminui a aceleração e quando senti que ela não ia morrer mais, deixei ela funcionando. UFA! Nunca mais faço isso! Larguei ela meses sem ligar!

Arrasta coisa pra um lado, abre espaço e consigo um canto pra PCX! Coloco madeira debaixo do cavalete pra não descarregar a bateria e cubro a bichinha.

Resolvi colocar uma madeira embaixo do cavalete da Tiger tb... maldita hora! Como não consigo colocá-la no cavalete sozinho tive que chamar ajuda... foram 4 tentativas! Em cada uma, um dos pés do cavalete ficava fora da madeira! E suando em bicas, na quinta tentativa os 2 ficaram em cima da madeira!

Minha intenção era ir num passeio do PCX Clube pra Paranapiacaba no domingo de manhã pra testar a motoca... depois de todo o suadouro de sábado capotei na cama e não ouvi o despertador!

Passeio perdido, só me restou terminar a instalação da tomada 12v. Corta fio, emenda fio, passa fio, conexão feita... hora de testar a tomada... sem drama dessa vez! Tomadinha funfando! Uhúú! \o/



A mala de trabalho coube junto com as tralhas que ficavam debaixo do banco da PCX dentro do bauleto! Uhúú de novo! Não vou precisar amarrar a mala!
Agora é só ver como será o dia a dia! Depois posto como foi a semana com a motoca nova! E ramo que ramo!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Primeira Viagem solo de moto - 26/12/13 a 11/01/14


Depois de começar a andar de moto (nov/12) e ficar viciado em passeios, tinha vontade de fazer uma viagem grande de moto... a princípio ir até a casa de uma amiga que mora em Juiz de Fora/MG que fica a 500km da capital.
Planejei diversos trajetos, paradas, pesquisei sobre lugares pra ir de moto, mas fui deixando essa vontade em suspenso, viajar de moto sozinho me causava medo.
Chegam as férias de julho, mas vou inventando desculpas pra não viajar sozinho.
Acabei trocando a Citycom 300i por uma Triumph Tiger 800XC, pois no passeio que fizemos pra Extrema/MG a City parecia que ia desmontar numa estrada de terra e vi que eu precisava de uma moto que pudesse enfrentar qualquer tipo de terreno.
Em outubro/13 me dei a Tiger de presente, que batizei de Trator... primeira moto com marchas, grande, pesada...enfim, uma loucura fazer isso, mas tive que encarar!
Adaptação difícil, embreagem, marchas, peso. Viajei com amigos pra Penedo/RJ, um bate e fica, e senti o drama de não dominar a máquina, viajei tenso e tudo era tenso pra mim!
Depois de rodar 3000km com ela em passeios, resolvi planejar a viagem solo. Queria passar o Reveillon com minha amiga em Juiz de Fora, mas também percorrer TODAS as serras "motociclísticas".
Percurso de ida:
 
26/12 a 28/12 - Paraty/RJ
28/12 a 02/01 - Juiz de Fora/MG - via RJ 115
02/01 a 03/01 - Pouso Alegre/MG
03/01 a 04/01 - Capão Bonito/SP
04/01 a 05/01 - São José dos Pinhais/PR - Via Serra do Rastro da Serpente
05/01 a 07/01 - São José/SC
07/01 a 08/01 - Urubici/SC - Via Lauro Muller- Serra do Rio do Rastro
08/01 a 09/01 - Blumenau/SC
09/01 - 10/01 - Curitiba/PR
 

Percurso de volta:
 
09/01 a 10/01 - Curitiba/PR
10/01 - Morretes/PR - Estrada da Graciosa
10/01 a 11/01 - Capão Bonito - Parcial da Serra do Rastro da Serpente
11/01 - São Paulo.
Total de 3600km

O medo ainda me dominava, eu não me sentia 100% seguro com a moto. Enrolei bastante pra começar a ver hotéis, pousadas...
Difícil isso, queria tanto arranjar alguém que fosse junto! Mas nada feito...
O jeito é começar a fazer as reservas.

E agora começa o relato...

Antes da viagem


Depois de definido o percurso e estabelecido as datas, pesquisei hotéis e pousadas utilizando o Decolar.com e o Booking.com (alguns hotéis e pousadas só constam em 1 deles). O critério de escolha: ter estacionamento, café da manhã e estar na faixa entre R$100,00 e R$200,00. A minha sorte foi que no período do Reveillon eu estaria na casa da minha amiga, caso contrário as diárias extrapolariam o valor que eu pretendia gastar com hospedagem. Falo dos hotéis/pousadas conforme relato sobre as cidades.

Bagagem...ah que desgraça! Sempre fui daquelas pessoas que viajam com a casa nas costas... só que agora, de moto, tudo vai ter que ser repensado e o exercício de desapego terá que ser constante.
Meu bauleto tem 55l e uma outra mala iria amarrada ao banco do garupa... e começa a busca por malas, mede uma, mede outra...pesquisa aqui, pesquisa ali... quase caí de costas com o preço das malas impermeáveis grandes pra moto! Terei que me virar com o que tenho em casa!
A mala do bauleto estava decidida, pois ela não podia ocupar todo o espaço pq tem a capa de chuva e as peças de frio que ficam na moto e precisavam ficar com acesso mais rápido.
A outra mala foi um "click", olhei uma mala de bordo expansível com rodinhas que eu uso em viagens de avião e pensei: "será que o espaço entre as rodinhas encaixam no banco do garupa?". Levei a mala até a moto e VOILÁ! Encaixou certinho! E a altura dela fica na altura do bauleto! UAU! Não precisei gastar os tubos com isso!
As roupas precisavam ser do tipo "easy care", fáceis de lavar, de secagem rápida e sem necessidade de passar.
Adaptadores de tomada, extensão, Ts (parece exagero, mas alguns hotéis tem só uma ou 2 tomadas no quarto e a gente tem trocentos aparelhos que precisam recarregar). Carregadores de todos os gadjets.
Coisas de quem já ficou nesse pula-pula de uma cidade pra outra em viagem: Omo líquido pra lavar as roupas, corda de varal, pregadores, 2 ganchos de sucção e 2 S de metal pra prender nas portas. Acrescentei Lysoform spray pra passar na Jaqueta, Calça e Botas que uso pra andar de moto.
Os ítens de higiene pessoal foram colocados em frascos menores (alguns hotéis só oferecem sabonete).
Acondicionei todas as roupas em sacos a vácuo manuais pra diminuir o volume (Space Bag To Go).
Barras de cereal e pequenos snacks pra comer a noite caso tudo feche nas cidades e eu não tenha onde comer (me salvaram algumas vezes).
Mas mesmo assim tive que retirar várias peças de roupa pq não cabiam nas malas. Algumas peças de frio eu levei por precaução (não usei nenhuma), pois já passei frio em janeiro. Enfim, refiz as malas umas 3 vezes até que tudo coubesse nos 2 volumes.
Imprimi o nome, endereço e telefones dos hotéis pra colocar no visor da bolsa de tanque da moto (essa precaução foi ótima!).
Sacos de lixo grandes e grossos pra embalar a mala que ia ficar no banco.
Na noite anterior à partida, já deixei a mala maior amarrada na moto pq ia sair cedo, antes dos assaltantes da Rod. dos Imigrantes acordarem.

Ansiedade me matando! Não conseguia dormir! Meu DEUS, que medo desgraçado! Não domino a moto 100%, vou pra lugares que nunca fui e dependendo do GPS pra chegar! Que loucura é essa?!
Olho no relógio...2h30 da madrugada!!!

26/12 - São Paulo - Bertioga - Paraty - 350km


Madruguei às 6h com previsão de sair às 6h50, coloquei a segunda mala no bauleto e comecei a rever as amarras da mala que estava presa ao banco... resolvi amarrar de outro jeito pois achei meio solta demais, perdi um tempão resolvendo isso e acabei saindo às 7h10.
Subo na moto e começo a manobrá-la na garagem pra sair...caraca ela tá ainda mais pesada por causa da bagagem! Mas pelo menos baixou uns 2 cm!
Ajusto o GPS pra me levar pra Paraty, mas com parada em Bertioga.
Imigrantes ainda vazia e já no Frango Assado uma neblina leve se fazia presente e me acompanhou até o final da serra.
8h00, chego em Bertioga e paro pra comer no Pastel do Trevo. Céu limpo, sol brilhando.
Por causa do meu ajuste no GPS, ao invés de pegar a estrada e seguir pra Paraty, ele me encaminha para o centro de Bertioga! (Que burro, dá zero pra mim!).
Aproveito a "caca" e paro num posto pra abastecer, reajustar o GPS para o destino sem paradas "extras" e tomar uma água... o calor estava infernal!
Estrada cheia, alguns pontos parados, o bom de estar de moto é que dá pra ir se esgueirando e prosseguindo.
Em alguns trechos o GPS enlouquece e acha que eu estou "sei lá aonde" e quer que eu vá aonde já estou. Com tantas obras muitas rotatórias viraram retas e foi constante ouvir o GPS dizer pra pegar a segunda saída de uma rotatória que não existia mais.
O ruim de seguir pela Rio-Santos é que ela passa pelo meio das cidades e o trânsito atrapalha bem, cheguei em Ubatuba as 13h15 e parei pra comer alguma coisa, calor insuportável, acabei só beliscando um pão de queijo e tomando 1litro de isotônico. Abasteci mais uma vez e rumei sem paradas até Paraty.
Cheguei em Paraty as 15h... o GPS me colocou na altura errada da rua, ainda bem que tinha olhado como era a rua no Street view e logo localizei a pousada.  
Pousada e Ponto -Rua Oscar Pinto da Silva 03, Pontal.

Ela fica no meio de tantas outras pousadas na mesma rua sem saída, estacionamento interno.
O próprio dono me atende do lado de fora, me chama pelo nome e já abre o portão para que eu estacione a moto (por isso é bom fazer reserva antes).
Local bem ajeitado, instalações novas e AR-CONDICIONADO! Era TUDO que eu precisava depois de pilotar por horas sob o sol escaldante! Uma pena não ter frigobar!
Abro as malas, coloco roupas leves, lavo a balaclava e a camiseta segunda pele de verão (isso virou praxe, pois essas peças ficam impregnadas de sujeira da estrada) e vou até o centro pra procurar algum lugar pra comer...afinal estava praticamente sem almoçar.
Esse é o lado "mais novo" de Paraty


Do outro lado da ponte é o Centro Histórico

Ou você olha onde pisa ou perde a tampa do dedão nessas pedras!



O Centro Histórico é bonito, o piso de pedras demandam cuidado pois quase perdi a tampa do dedão do pé andando sem prestar atenção. Prédios bem preservados, mas tudo bastante caro.
Comi um sanduíche vegetariano, caminhei mais um pouco e voltei pra pousada.
Terminei de ajeitar as coisas e me recostei na cama, poxa...cheguei até aqui!
A noite, saí pra caçar um lugar pra jantar, tem muitos restaurantes, a cidade estava cheia! Entrei numa cantina pedi uma massa... nossa! Demorou quase 1 hora pro prato ficar pronto! Pra quem é de São Paulo essa espera é quase a morte! Ainda mais pra quem tá sozinho!
Faço mais uma caminhada, a cidade é BEM agitada a noite! Mas tendo dormido pouco na noite anterior, o que eu queria era cama!
Voltei pro hotel, tomei um banho e capotei!

 

27/12


Acordei cedo, tomei o café da pousada, bem variado, mas nada suntuoso. E fui até a praia que ficava ali perto.

Ficar o dia inteiro na praia?! Não... resolvi caminhar um pouco mais pra ver o que tinha de interessante pra fazer... até que encontrei o porto das escunas, são dezenas de escunas, as maiores com passeios tradicionais, as menores com trajetos mais alternativos... sinceramente fui vendo as que tinham menos crianças a bordo - me chamem do que quiser, mas os pais não ensinam mais limites para seus filhos, e eu não estava nem um pouco disposto a ficar enfurnado num barco com crianças tocando fogo na embarcação enquanto os pais apreciam a paisagem. Embarcação média escolhida - os preços são os mesmos praticamente e eles servem refeição a bordo por um preço exorbitante (vai passear de escuna? Leve lanche ou algo pra almoçar!).
O comandante da embarcação vai contando as histórias das ilhas e da própria cidade.


Esta é a praia particular do dono de um antigo estúdio de filmes, se não me engano a Vera Cruz, a foto está distante mas tem 2 King Kongs no meio das árvores.

Paraty era uma cidade fortificada de onde saíam e chegavam riquezas minerais, algumas ilhas possuem muros de pedra e canhões.


Parada em uma pequena ilha para mergulho. Foi feita uma segunda parada para mergulho na ilha da Família do Amyr Klink.


Retorno ao cais as 17h, congestionamento de escunas!

Depois do passeio, retornei pra pousada pra tirar o sal do corpo e fui aproveitar o agito no centro pra jantar.

A cidade já estava lotada por causa do Réveillon. A bateria da escola de samba da cidade fez sua apresentação no centro histórico, eu nunca tinha visto um maestro de bateria regendo, é lindo de ver! Pois a gente acha que é tudo uma coisa só, e quando vê o maestro regendo é que nota todas as mudanças, entradas e paradas dos instrumentos.
Encontro uma creperia de 2 francesas, lugar simpático e mais uma vez, HORAS de espera pelo prato! Mas o crepe é delicioso!
Devidamente jantado, hora de voltar pra pousada, arrumar as malas e preparar pra partir.
Eu deveria ter ficado 2 noites em algumas cidades pra poder aproveitá-las como fiz aqui em Paraty.

28/12 - Paraty - Juiz de Fora - 350km


Acordei cedo, tomei café, sol forte e calor... amarrei as malas na moto e voltei pro quarto pra me refrescar (essas roupas de moto esquentam como o inferno debaixo do sol!). Saí de Paraty as 10h40.

Segui pela Rio-Santos e depois RJ155 que estrada boa pra andar de moto! Muitas curvas, asfalto bom... de repente o asfalto acaba e vem um piso de paralelepípedos - "putz...será que vai ser toda assim?!" e eis que surge um túnel escavado na pedra, sem luz, com o piso molhado... eu só conseguia ver a saída do túnel e o reflexo do piso molhado! Por sorte nenhum carro vinha no sentido oposto pq cruzei o túnel pelo meio da pista! Quase me borrei todo!
Depois do túnel o asfalto volta, e pude notar que é padrão, o asfalto acaba, aparece um túnel escuro e depois o asfalto volta.

Em Piraí acabei pegando uma rua errada e acabei indo pra Barra do Piraí, sol escaldante, até o vento na estrada tava quente!
Parei em Barra do Piraí pra abastecer e comer alguma coisa. Foi dureza encontrar um lugar com sombra! Bunda doendo, calor e nenhuma sombrinha pra parar e esticar as pernas! Achei um posto de gasolina e do outro lado da rua um bar, acabei comprando só água, não tinha nada decente pra comer! Meu almoço foram 2 barras de cereais! Com o calor que estava não tinha ânimo pra comer nada!
Semi-refeito, prossegui, cheguei na Rodovia Lúcio Meira (essa eu já conhecia de carro!), um novo ânimo pois sabia que estava mais próximo e dava pra desenvolver maior velocidade.
E o absurdo de pagar de moto, o mesmo preço que carro no pedágio! Como assim?!
Vejo que choveu em algumas partes - ah que delícia o vento fresco do pós chuva depois de derreter no sol por tantas horas!
Pego uma chuva fraca de 5 minutos...nem reclamei, foi um bálsamo naquele dia quente! Nem molhou a roupa direito!
E finalmente as 16h55 chego na casa da minha amiga! Ainda bem que eu já conhecia o caminho pq o GPS tava me levando sei lá pra onde em Juiz de Fora.

28/12 a 02/01 - Juiz de Fora


Esse período foi só de curtição, piscina, conversas e risadas, nem encostei na moto.
Réveillon com os amigos. Feliz 2014!

02/01 - Juiz de Fora - Pouso Alegre - 360km


Saí de JF às 11h, sol e calor novamente, mais um trajeto longo! Estrada tranquila mas o vento também estava quente, parei em São Gonçalo do Sapucaí pra abastecer e tentar comer alguma coisa... e por conta do calor, só consegui beliscar um salgado e tomar litros de água.
As 16h chego em Pouso Alegre.

Hotel Ferraz - Praça Doutor Garcia Coutinho, 14

Embico a moto no estacionamento e vejo uma rampa de descida curta muito inclinada e com uma parede a poucos metros do final... eu com minha "vasta" experiência e sem alcançar os pés inteiros no chão, desci a rampa com o c* na mão. UFA! consegui estacionar sem incidentes!
Calor infernal, o quarto pequeno e não tem ar-condicionado... mas tem ventilador de teto.
Coloco roupas frescas, lavo a balaclava e camiseta, penduro todas as roupas de moto pra secar e vou bater pernas, procurar algo pra comer e bebidas pra viagem do dia seguinte.
O bom do hotel ser no centro é que tem tudo perto, mas pega-se trânsito e tudo fecha às 18h. Ainda bem que cheguei a tempo de pegar o comércio aberto.

Exausto, tomo um banho e vejo que na mesa do quarto tem folheto de delivery e os preços são bem razoáveis... que maravilha não ter que caçar lugar pra jantar aberto! Comi no quarto mesmo.

03/01 - Pouso Alegre - Capão Bonito - 415km


Manhã seguinte, rotina que se tornaria praxe, tomar café, terminar de fechar as malas, carregar a moto, tomar "a fresca" no quarto (pq dá um suadouro amarrar a bagagem com a roupa quente de moto), fazer o check-out e partir.
Saio as 10h05, sol e calor, mais um trajeto longo, vento quente na estrada, paro as 12h pra "almoçar" em Itapira - beliscar um salgado e tomar litros d'água.
Bunda doendo, mãos incomodando e bexiga explodindo... paro perto de Itú pra alongar, fazer um pips, tomar água e ficar um pouco na sombra, o sol estava implacável! Faltam 170km ainda!
Entro na Raposo Tavares e depois de Sorocaba vejo nuvens de tempestade e relâmpagos à frente...começo a rezar para que essa tempestade vá pra longe!
Mas não foi... começo a sentir algumas rajadas de vento e passo por alguns pontos na estrada que já choveram, que delícia! Parece que ligaram o ar-condicionado no máximo, ventão gelado é uma benção depois de tanto calor!
Só que as rajadas de vento começaram a se transformar em ventos laterais absurdamente fortes a ponto d'eu sentir o vento empurrar as rodas pra lateral e a moto inclinar, fazer curvas com essa ventania foi um martírio! Ainda bem que a estrada estava vazia pois eu não conseguia fazer as curvas usando uma pista só tamanha a ventania. Tenso! Muito tenso!
Velocidade reduzida, tentando manter a moto estabilizada... começa a chover! Tudo descampado! Alguns km à frente vejo um viaduto, paro e espero o temporal passar. Já estava todo molhado, colocar a capa de chuva naquele estado era uma bobagem.
A chuva diminui e sigo viagem, a ventania acabou, mas a chuva fraca continua.
Quando entro na Rodovia Francisco Alves Negrão, a chuva para e consigo aumentar a velocidade e sinto que boa parte da roupa começa a secar.
De repente o GPS avisa: "Você chegou ao seu destino". Paro a moto no acostamento, NADA do lado direito, um posto de gasolina do lado esquerdo e uma rua de terra ao lado do posto... "Será que é ali?! Não tem placa nenhuma!". Entro no posto e pego a tal rua de terra... nada, faço meia volta e volto pra estrada. "Tem que ser por aqui, pelo GPS estou no endereço certo." Sigo devagar mais pra frente, vejo comércio, lombadas e enfim avisto a placa do hotel! UFA! São 16h50.

Hotel Passarim - Av. Capitao Calixto de Almeida, 187

O Hotel é um oásis de tranquilidade, quarto enorme, com varanda, frigobar e ar-condicionado.






Sem muita energia pra explorar o entorno, resolvi jantar no restaurante do hotel, comida muito boa, preços razoáveis.
Ar-condicionado e secador de cabelos foram meus aliados pra secar as roupas de moto que estavam úmidas ainda, estiquei o varal por onde foi possível e pendurei todas as roupas.
Separei as peças do dia seguinte, guardei as roupas sujas e fechei a mala maior. Deixei 2 sacos à vacuo pequenos pra guardar o pijama e a "roupa do café da manhã" pra fora pois eles iriam servir de "calço" pra mala maior que ficava inclinada pra frente por conta da inclinação do banco do garupa e ficava encostando nas minhas costas, com o calço ela iria inclinar pra trás e encostar no bauleto, abrindo mais espaço pra eu esticar os braços durante a viagem.

 

04/01 - Capão Bonito - São José dos Pinhais - 275 km


Rotina de praxe - café (nada suntuoso ou variado, mas bom), malas, fresca e check-out... tempo fechado, garoa intermitente o que me levou a enrolar um pouco pra sair.
10h30 resolvo sair com a intenção de fazer a Serra do Rastro da Serpente e ir até Morretes pra pegar a Graciosa.
As curvas são alucinantes! MUITAS, de todos os ângulos e tipos! Só que com a garoa que ia e vinha acabei não conseguindo boas fotos da câmera que tava presa na moto tirando fotos em time lapse.
12h28 - chego em Apiaí, tempo fechado, preciso almoçar.
Nessa parada encontro um pequeno grupo de motociclistas com suas esposas, fazia tempo que não cruzava com nenhum estradeiro! Eles saem logo após minha chegada. 


Vou passando pelo centro mas não encontro nenhum lugar onde eu achasse seguro parar a moto cheia de bagagens pra almoçar, sigo em frente.
No caminho vejo que o grupo de motociclistas com as esposas pararam em um local pra desamassar as bundas, ao passar por eles, me cumprimentam, retribuo...poxa...isso é tão bacana nesse mundo das 2 rodas!
Milhões de curvas depois, paro em Bocaiúva do Sul, torto de fome. Abasteço a moto, engulo 2 barras de cereal, alongo e sigo em frente.
Depois de km rodando praticamente sozinho na estrada, cruzo com um motociclista subindo a serra e recebo o tradicional cumprimento com a mão, retribuo e meus olhos enchem d'água. É emocionante se sentir "pertencendo" a alguma coisa recebendo cumprimento de um estranho pelo simples fato de estar viajando de moto...aquece o coração!
Acabei desistindo de seguir até Morretes, pois iria chegar em São José dos Pinhais à noite, achei melhor deixar para a volta, pois eu já sabia onde e como era o hotel.
Pra variar o GPS me faz dar uma volta enorme num caminho que deveria ser uma reta só em Curitiba!
Trânsito pesado, e começo a ficar assustado, o hotel fica num bairro horrível... e o GPS apronta mais uma, me aponta um retorno que indica que o hotel fica em frente... pego o retorno e não tem hotel nenhum ali! *&#$@! Começo a voltar na avenida e nada, daí vejo que ela muda de nome, preciso voltar, pego outro retorno e vou seguindo... o endereço é esse, só preciso achar o hotel... e o encontro no retorno SEGUINTE ao que apontou o GPS.
16h34 entro no hotel. Ainda bem que abortei Morretes! Chegar a noite ali ia ser um terror!


Bristol Portal do Iguaçu Hotel - Rua Velci Bolívar Grandó, 645

Quarto pequeno, longe de tudo, vou ter que comer por ali mesmo, tem serviço de quarto com preços decentes e um restaurante no hotel. Peço no quarto mesmo. Frio! Vista para um terreno baldio. Lavo as segundas pele e penduro as roupas de moto, ligo o ar pra secar. Peço a comida e já preparo as coisas pra sair na manhã seguinte.
Hotel bom só pra pouso mesmo, desde que se compre tudo o que precisa comer e beber antes.


05/01 São José dos Pinhais - Joinville - São José/SC -  290km


Como praxe, tomei café no restaurante do hotel que fica num bloco anexo, bom, bem variado, bagagem, fresca e partir, o tempo está feio, frio, com garoa intermitente.
11h03 saio rumo à Joinville onde queria almoçar, o GPS faz um caminho confuso, mas consigo chegar na Rodovia Prestes Maia, cheia de caminhões, radares aos montes e as assustadoras placas que advertem que caminhões capotam facilmente. A garoa fica mais forte e vira chuva, paro num posto pra colocar a capa de chuva e prosseguir. Vento gelado, e vejo que a pista de subida da serra tá toda parada! Domingo, o pessoal deve estar retornando do recesso, ou algo assim.
Finalmente vejo as placas de Joinville, pego a saída que leva pro centro e pra minha surpresa está tudo fechado! Depois me falaram que até os restaurantes fecham pro almoço! Não pensei que uma cidade turística fechasse num domingo, ainda mais no centro. Enfim.
Com fome, começo a rodar pelo centro, vazio e vejo um Habib's aberto! Ufa! São 13h18.
Entro no restaurante com minha capa de chuva amarelo fluor... nem preciso dizer que todo mundo ficou olhando. Tiro a parte de cima da capa e a jaqueta, como essas coisas esquentam! Consegui almoçar!
Quando estava me encaminhando pra rodovia novamente, vejo um Subway aberto também... mas não tinha como adivinhar! Paro num posto pra abastecer e sigo viagem, ainda chove na estrada!
Pego a BR 101 e a chuva vira garoa e para. O tempo tá nublado ainda. A estrada está razoavelmente tranquila.
Pego o acesso pra São José e rezando pro GPS me levar pro lugar certo. E ele me leva quase certo de novo! E mais uma vez, o endereço tava certo, mas a altura errada! Chego as 16h20.
  
Hotel Restaurante Werlich - Rua Elizeu Di Bernardi, 637

Quarto médio, ar-condicionado mas sem frigobar... putz... vou ficar 2 noites aqui e vou beber água "quente". Pia sem bancada, tv de tubo de 14 polegadas com controle remoto defeituoso. Não dá pra abrir a cortina, estou no 1º andar e a janela fica de "cara" pro estacionamento. O wifi é ótimo, sinal forte.
Quando faço check-in no FB, uma amiga minha da faculdade que eu não sabia que estava morando aqui me convida pra almoçar. E uma amiga de infância que eu sabia que morava aqui também quer me ver. A segunda-feira será agitada! Marco almoço com uma e jantar com a outra.
Armo o varal, lavo e penduro as roupas de moto e a capa de chuva.
Vejo que tem uma BMW F800 GS estacionada debaixo de um toldo e penso: "Pô, queria deixar minha moto debaixo do outro toldo." E pra minha suspresa o rapaz da recepção me pede pra parar debaixo do outro toldo pra livrar a vaga pra carro. (YES!!). Depois vi que o estacionamento "bomba" a noite por causa do restaurante. Ficava bom para os 2 estacionar a moto ali.
Vou até a recepção e pergunto se tem alguma padaria aberta... por sorte, na esquina tem uma 24h! Compro suco, água e vejo que tem uns lanches (vão ser meu jantar).

06/01 - Encontros e muito bate-papo em São José/SC


Acordo, tomo café (bom, variedade mediana), minha amiga já escreve confirmando o almoço, eu coloco no GPS o endereço da concessionária pois achei que o óleo e o fluido do radiador estavam baixos. Caminho confuso do GPS! Mas chego lá. Os fluidos não estão baixos, eu que não alinhava a moto direito pra olhar! Mas com a moto quase batendo os 5k, resolvi trocar o óleo.
Quando o serviço termina, começa a chover! Putz! Espero a chuva passar e vou encontrar minha amiga, por sorte era ali perto, praticamente uma reta só, demoro um pouco pra encontrar o lugar, fica meio escondido, mas dá tudo certo, paro no estacionamento do trabalho dessa minha amiga da época da faculdade, entramos no carro dela e vamos almoçar.
Ela me leva pro lugar preferido dela em São José, a praia de Itaguaçu, ou praia das Bruxas. Linda, mas imprópria pra banho, uma pena! Vamos caminhando e conversando... são décadas sem se ver! As horas voam e ela tem que voltar a trabalhar! Paramos num Subway pra almoçar e vamos embora. Nos despedimos, pego a moto e volto pro hotel, dessa vez o GPS fez um caminho menos esquisito.





Volto pro hotel e já começo a arrumar as coisas, pois não sei a que horas vou voltar do jantar e tenho estrada no dia seguinte.
Passo na padaria pra comprar água, suco e isotônico e esperar minha amiga de infância chegar.
Ela atrasa, e consigo deixar tudo bem ajeitado, faltando poucas coisas pra fechar a mala maior.
São mais horas e horas de bate papo, outra que são décadas sem contato! Promessas feitas de reencontro, retorno... enfim. Não vi a cara das praias de Floripa, mas estava feliz da vida de ter reencontrado com essas amigas de tanto tempo!
Agora sei que quando voltar pra SC tenho que reservar mais dias!

 

 07/01 - São José - Lauro Muller - Urubici - 290km


Rotina de praxe, café, bagagem, fresca. Tempo nublado e o Instaweather diz que tá chovendo em Lauro Muller, saio as 10h24.



Com chuva, ou com sol, tenho que ir! Pego a BR 101 e sigo em direção a Tubarão, a viagem segue tranquila, sem chuva, até próximo a ponte que atravessa a Lagoa do Imauri, trecho em obras, congestionamento e vou me esgueirando pelo corredor.
Com tantas obras feitas o GPS fica todo confuso pois as vias não batem mais (em várias rodovias foi assim).
Com essas confusões do GPS acabei perdendo a entrada pra Lauro Muller e tive que fazer o retorno alguns km pra frente.
Céu limpo, e as 13h35 chego em Lauro Muller. Preciso almoçar!



Vejo um local simpático na beira da estrada e paro, sol a pino! E não tem NADA que um vegetariano possa comer (tudo tinha, carne ou frango!). Peço um suco e almoço minhas barras de cereais pois naquele horário tudo deveria estar fechado pro almoço no centro.
Sigo em frente pra pegar a Serra do Rio do Rastro, acabo nem prestando atenção se tinha restaurante aberto na cidade.
E a Serra começa, UAU! Que coisa linda! Curvas muito fechadas, pista estreita de mão dupla e em alguns trechos a montanha parece que vai te engolir... não dava pra conter os "uaaaaau!" dentro do capacete! Em outros momentos parece que a montanha vai te jogar barranco abaixo.
Pego somente 2 caminhões no caminho, o primeiro demoro um pouco pra conseguir ultrapassar, o segundo dou sorte e pego ele num trecho fácil de fazer ultrapassagem.





























 
Chego no mirante as 14h40. Fui abençoado com o céu limpo que proporcionou essa vista maravilhosa! Dizem que o mais comum é ter muita serração. Dá vontade de descer e subir de novo!
No mirante tem quiosques e uma boa lanchonete, acabei "almoçando" ali e comprando adesivos da serra.
Encontro poucos motociclistas por ali, outros mais chegaram pouco antes d'eu ir embora.
Não é uma serra pra fazer as curvas em velocidade, nem dá, é pra curtir e principalmente sentir cada pedaço!
Com certeza volto pra percorrê-la mais uma vez! Não dá pra descrever com exatidão, o que se sente ao percorrer essa serra de moto.

Ainda em êxtase, sigo pra Urubici, quando acesso a SC 110 (Estrada São Joaquim), outra grata surpresa, asfalto novo! Parece um tapete! Curvas boas!
Quando entro em Urubici, a bateria do celular acaba e fico sem GPS! E começo a rodar... putz, não consigo lembrar da foto da pousada no Street View. Várias ruas tem nomes parecidos! Resolvo perguntar pra um morador... ele me joga numa avenida com sobrenome parecido, mas não é o endereço certo.
Dou meia volta, paro num posto e pergunto o endereço certo... putz, passei em frente quando fiz o retorno!
E as 18h, finalmente encontro a pousada, na verdade uma casa que foi "transformada" em pousada.


Pousada da Célia - Rua Rodolfo Andermann, 1010

A dona da pousada me recebe e me oferece uma vaga coberta pra guardar a moto.
Ela me mostra o quarto, uma suite simples, sem ventilador (socooorrrroooo!).
Lavo e penduro as roupas, coloco roupas frescas e saio em busca de um mercado e algum lugar que eu possa jantar.
Encontro o mercado, compro suco, água e isotônico e vejo uma lanchonete/restaurante, parece que tá aberto mas não tem ninguém lá dentro. Entro e pergunto se já estão servindo, e dizem que sim, a cidade tá vazia de turistas. Peço um lanche, fiquei com receio de pedir um prato e demorar uma eternidade pra ficar pronto.
Devidamente alimentado, retorno pra pousada.
Quando posto no FB, meus amigos que já tinham feito a Serra, me perguntam se vou fazer a Serra do Corvo Branco... eu digo que não e eles quase me matam.
Resolvo refazer " a agenda" e colocar a Serra no percurso.
A quantidade de pernilongos é grande e durmo mal, os aparelhos de tomada não deram conta e o calor no quarto contribuiu pra noite mal dormida.

08/01 - Uribici - Grão Pará - Blumenau - 370 km


Café da manhã simples, mas nada ruim, fecho as malas e amarro as bagagens. Quando vou acertar a diária começo a conversar com a D. Célia e ela me dá umas dicas sobre onde ir e o que fazer. Pra subir no Morro da Igreja/Pedra furada tem que pegar uma autorização, e ela me indica o lugar. Saio as 10h15 vou até o local e pego a autorização.
Me encaminho pra Serra do Corvo Branco (eu ia descer e subir a serra e depois visitar o Morro da Igreja e não seguir até Grão Pará). No caminho vejo o acesso ao Morro da Igreja e decido visitá-lo primeiro, é uma estrada relativamente longa, estreita e em alguns trechos o pavimento é bem ruim, ela termina numa base militar.
As 11h15 chego ao topo, a vista é estonteante, e mais uma vez, fui abençoado pelo bom tempo! Só tinha a minha moto lá em cima, só quando fui embora que apareceu mais uma.













Pedra Furada
Depois de contemplar a paisagem, meditar sobre a grandiosidade da natureza (não vou filosofar sobre isso aqui, não se preocupem!), resolvo seguir meu caminho até a Serra do Corvo Branco.
A estrada é boa, segue vazia, bem sinalizada... de repente o asfalto acaba e começa uma estrada de terra. É de repente mesmo, não tem aviso nem nada!



Não é uma estrada 100% de chão batido, uns trechos têm pedras e segue por alguns km.
Finalmente as 12h30 chego na boca da serra!










Pode não parecer mas é MUITO íngreme!


É como descer de um andar pro outro numa rampa curta.







Quando o asfalto acaba é essa a visão.




Pra quem tiver paciência esse é o vídeo da descida da Serra do Corvo Branco.

Não sei que coragem foi essa de me enfiar sozinho, sem dominar 100% da moto, numa estrada que eu não sabia em que condições estaria e se eu conseguiria pilotá-la sem cair!
Deus me segurou com certeza! A roda traseira escorregou várias vezes, a roda da frente se enfiou nos vãos das pedras e foram aonde as pedras mandaram (isso me assustou, cheguei a parar pra engolir o coração que saiu pela boca!)
Logo após a descida vem uma estrada de terra com vários trechos em obras, uns 40km de terra! Em vários momentos tive vontade de voltar... mas subir aquela serra toda detonada? Decidi continuar...parece não ter fim! Cruzo com caminhões, tratores e vou comendo poeira! Pilotando devagar, a roda da frente escorregando, a de trás patinando em alguns trechos, chacoalhando nos buracos e pedras.
Finalmente encontro civilização, não lembro nem que cidade era, mas apesar de construções novas estava tudo fechado... feriado?! ah, sim, hora do almoço! As 14h10 chego em Grão Pará! Azul de fome! Encontro um posto com loja de conveniência (que benção!) e com salgado de palmito! Olho minhas roupas... estão marrons, estou coberto de poeira!
Mal termino de comer e começa a cair um temporal! Espero passar, parece ser chuva de verão.
Começo a pegar o caminho pra Blumenau, de repente cai outra tempestade! Sigo pela estrada até que encontro um boteco com uma parte coberta com mesas, estaciono a moto e corro pro coberto. Estou ensopado! Pelo menos lavou a roupa da poeira!
15 minutos depois a chuva passa, nem adianta colocar capa de chuva! Visto o forro corta vento da jaqueta pra não congelar e a luva de inverno por baixo da luva de moto e sigo meu caminho.
O GPS me joga na BR 101 que dá uma volta maior. Congestionamento na ponte e nos trechos em obras, chuva intermitente, clima abafado em alguns trechos.
Depois de toda a tensão da estrada de terra, a estrada parece que não tem fim.
As 17h25 paro no Graal Baleia, explodindo de vontade de ir ao banheiro, faltam 200km ainda! Vejo as cidades passando e fico pensando em parar em alguma delas e dormir, todos meus músculos doem, minhas mãos estão duras, as articulações doloridas.
Estrada movimentada, serra cheia, finalmente o acesso pra Blumenau! O GPS me faz seguir em direção a Gaspar, ok rambora, não estou em condições de checar se é realmente melhor por alí.
Anoitece, estou exausto, molhado e quando entro no centro de Blumenau a bateria do celular arreia, encontro o endereço do hotel, mas não acho o hotel, fico dando voltas e mais voltas, é uma avenida larga de trânsito rápido e não dá pra ver os números! 30 minutos rodando e NADA de ver o hotel! Paro numa rua paralela e ligo pro hotel perguntando se tem algum ponto de referência perto, o recepcionista me dá um ponto de referência que eu não consigo achar! BOOM Bagarai! Paro novamente na avenida do hotel, em frente a um shopping e ligo pro hotel dizendo onde estou. Ok 250m depois do shopping do lado esquerdo, abro a viseira, ela está tão engordurada e suja que não tava conseguindo ver nada direito, vou andando devagar, são quase 22h! E finalmente encontro o raio do hotel! Ele tem TUDO pra não ser visto, o letreiro de esquina apagado, eu vi o letreiro pela visão periférica e qdo parei tive que olhar pra trás pra me certificar que era ali mesmo.
Imagine encontrar esse hotel com esse luminoso apagado


Hotel Glória - Rua 7 de Setembro, 954

Paro a moto num recuo em frente e faço o check-in, o estacionamento fica na rua ao lado, pego o capacete e vou estacionar a moto, me indicam um local coberto e fora da área onde param os carros. Pego as bagagens e vou pra recepção pegar o resto das coisas que larguei no balcão. Não tem nada aberto, o recepcionista me entrega uns panfletos de delivery.
Quarto médio, ar-condicionado e frigobar. Chuveiro num box, vaso sanitário em outro, pia do lado de fora. Foi o hotel com wifi mais chato, daqueles que tem que acessar uma página na web pra colocar login e senha. Lavo as roupas, armo o varal e penduro as coisas pra secar, ligo o secador de cabelos do hotel pra secar as luvas e descubro que uma das luvas de inverno sumiu e não faço a menor idéia de onde eu possa tê-la deixado.
O cansaço é tanto que acabo não pedindo comida e "janto" os snacks que eu trouxe mesmo.

 

09/01 - Blumenau - Curitiba - 215 km


Como o trajeto era mais curto e depois da pauleira do dia anterior, decido dormir até mais tarde, meia hora antes do café da manhã terminar, descançar, almoçar em Blumenau e ir para Curitiba. Café da manhã colonial, muita variedade.
O hotel tem um restaurante, arrumo as coisas, carrego a moto e vou almoçar, restaurante bom, por quilo, depois de dias almoçando porcarias, finalmente como comida de verdade no almoço!
As 12h56 rumo à Curitiba, dia claro e vou pra estrada, no caminho nuvens de chuva... no início da serra as 15h15 começa o temporal! Vejo um restaurante com estacionamento coberto na altura de Guaruvá e espero o temporal passar. Aproveito pra comer uma barra de cereais, tomar água e fazer um pips.



30 minutos depois a chuva diminui, mas não passa, coloco a capa de chuva e continuo o caminho. Então a luz da gasolina acende! Momentos de tensão, lembro de ter lido uma placa que o próximo posto seria somente a 40km. Caraca, será que chego lá? Subindo a serra a moto bebe mais! Diminuo a velocidade pra poupar combustível... 2 barrinhas no marcador. Mas antes de uma das barrinhas apagar, aparece um posto! UFA! Tinham 4 litros de combustível ainda.

Quando entro em Curitiba, o céu está limpo, sol a pino e calor! A capa de chuva começa a me assar por dentro! Paro num posto mais acessível e acabo com o tormento do calor!
Trânsito pesado! Que raios fui escolher um hotel no centro? Chego no hotel as 18h, por sorte o recepcionista estava do lado de fora e pergunto onde é o estacionamento.
Bastante prestativo, quando entro no estacionamento, esse mesmo funcionário está lá e me ajuda a levar as malas.

Curitiba Palace Hotel -Rua Desembargador Ermelino de Leão, 45

No check-in descubro que o estacionamento é pago à parte e o valor pra moto é o mesmo que pra carro, ruim isso!
O quarto é enorme, ar-condicionado, frigobar, secador. Pergunto pro funcionário se alguma coisa fica aberta próximo do hotel pra jantar, e ele diz que não, mas tem restaurante no hotel e serviço de quarto.
Peço uma "pizza" (massa de supermercado com molho de tomate e queijo).
Arranjo as coisas pra sair cedo no dia seguinte pois a jornada vai ser longa!

 

10/01 - Curitiba - Morretes - Capão Bonito - 375 km


Acordo razoavelmente cedo, o cansaço tornou difícil ouvir o despertador! Tomo café (bom, variado), amarro a bagagem e saio, são 9h40.
Trânsito, muito trânsito! E o GPS me faz dar uma volta imensa! Céu limpo, sol e calor! Chego em Morretes derretido de calor, que cidade abafada! Acho uma sombra, me hidrato e pego a Estrada da Graciosa, o calor era tanto que eu queria ir embora dali o quanto antes e voltar a tomar vento. Uau! MUITAS curvas! Estrada de paralelepípedo...imagino o que é pilotar aquilo na chuva! Acabei errando na programação do time lapse da câmera que estava presa na moto e acabei sem registro (boa desculpa pra voltar lá de novo!).


Não fui eu que tirei essa foto, mas mostra como é essa estrada linda!

Um pedaço da Régis, trânsito pesado e bora subir o Rastro da Serpente, mais 800 curvas! Sol inclemente!
Acho uma sombra em Adrianópolis pra me hidratar e comer uma barra de cereais, pilotar nesse calor é de F*&¨r!
Chego em Apiaí as 16h, derretido, desidratado! O posto que vende adesivo e certificado está em reforma!

Em Apiaí o GPS enlouquece e começa a fazer um caminho louco! Quando me deparo com uma rua de terra, paro, e volto pra praça da placa e sigo pelo caminho que fiz quando desci a serra uma semana atrás.
Paro num mercado pra comprar suco e isotônico, aproveito pra comer umas barras de cereais (sem vontade de comer comida de tanto calor). 
Quando entro na estrada certa, o GPS se alinha e retoma o caminho certo.
Chego em Capão Bonito as 18h30, destruído de cansado! Mas paro no posto pra abastecer.

Entro no hotel (o mesmo da outra vez), descarrego as bagagens e vou ver o que tem ali perto, pois vi que no posto tinha uma lanchonete.
Aproveito pra conversar com o cara do Portal (bar temático da Serra do Rastro da Serpente) e ver se ele tem adesivo e certificado....também está sem!
Compro um lanche pra viagem na lanchonete do posto pra comer no fresquinho do quarto.
Volto pro hotel pra descansar, comer e dormir!

11/01 - Capão Bonito - São Paulo - 230 km


Conforme a viagem transcorria, meu amigos iam acompanhando via FB, e eu sugeri que eles viessem me "resgatar" em Capão Bonito... e eles toparam!
Eles viriam pra cá, almoçaríamos no restaurante do hotel e voltaríamos pra Sampa.
Acordei mais tarde, tomei o café com calma, e fui arrumar as bagagens, descansar e ficar conferindo o FB pra ver aonde eles estavam.
Ansiedade! Terminei de fechar as malas, amarrei a bagagem na moto e fiquei esperando eles fazerem o check-in pra ver quanto tempo eles iriam levar pra chegar.
Quando achei que já tinha dado o horário, desci pra fazer o check-out são 13h (tive sorte de poder estender o horário do check-out pra esperá-los no quarto). Termino de descer as escadas da área dos quartos e vejo eles descerem a rampa do estacionamento. Que imagem bacana! Depois de mais de 3000km pilotando sozinho, vejo meus companheiros de tantos passeios chegando! Eles iam pilotar 500km só pra me buscar! Me emocionei!
Invasão de motocas no estacionamento!


A cambada toda reunida!
Hora do rango e de contar as histórias!


No posto abastecendo as motocas dos amigos.


Retronando - Quase lá - Araçoiaba da Serra


Última parada para despedidas e cada um pra sua casa.


Chego em casa as 19h50 feliz, e exausto! Viagem sem incidentes! Pra uma estréia solo foi bom demais! Agradeço a Deus por tudo ter transcorrido bem!

Conclusões e dicas:


Se eu fosse voltar no tempo e repetir a viagem, faria algumas coisas diferentes, a primeira delas seria intercalar entre hotéis de pouso (1 noite) e hotéis em cidades bacanas pra conhecer com 2 noites ou mais. Acabei escolhendo hotéis perto dos locais que eu queria visitar nas cidades, achando que ia conseguir passear no dia em que chegasse nelas... lêdo engano, depois de horas na estrada, a única coisa que vc quer fazer é comer e relaxar, no máximo uma caminhada light perto do hotel. Por conta disso acabei pegando trânsito demais pra entrar e sair das cidades sem conhecê-las de fato.
Por causa da tocada louca depois de São José/SC - dorme-acorda-pilota, dorme-acorda-pilota, por vários dias seguidos, tive L.E.R. logo que cheguei em Sampa, uma semana de molho, sem pilotar, à base de remédios, com dores nas articulações dos dedos e mãos. Além do esforço repetitivo, minha falta de hábito e experiência contribuíram pra lesão.
Dava pra ter levado menos roupas, roupas easy-care secam rápido mesmo... não levei em conta que poderia lavar roupas no tempo que fiquei em Juiz de Fora. As roupas que lavei lá foram usadas novamente e algumas roupas ficaram sem uso.
Deixe espaço livre na mala pra comprar algumas lembranças, acabei economizando uns cascalhos, mas não comprei nada das cidades que visitei.
Lamentei muito não ter levado minha mochila de hidratação, no calor que fez ia ser um bálsamo beber água enquanto pilotava.
Os próximos hotéis precisam ter ar-condicionado, wifi e frigobar, ainda mais nessa época do ano. O ar-condicionado retira a umidade do ambiente e consequentemente das roupas e elas secam mais rápido.
Os snacks foram salvadores - amendoim, castanhas e cookies integrais quebram um galhão naquela fome fora de horário e fizeram as vezes de jantar em Blumenau. As barras de cereais foram fundamentais nessa jornada, deixava-as sempre à mão e pra evitar ficar sem, levei muitas na mala, eu não podia contar que fosse encontrá-las em todas as lojas de conveniência dos postos na estrada.
Procurar por fotos dos hotéis e pousadas e colocá-las no celular, isso torna mais fácil encontrá-los visualmente pq o GPS erra mesmo!
Estudar o caminho na noite anterior usando o Google Maps, confiei demais no GPS e acabei rodando mais do que devia. Meu próximo investimento será um GPS pra moto que eu possa planejar e salvar as rotas, ficar na mão de um software foi um erro!
Além do meu celular pós-pago, levei 2 pré-pagos pois a gente nunca sabe quais operadoras funcionam e quando vamos precisar, em Grão Pará meu pós-pago não conectava à internet, fiz o check-in em um dos pré-pagos. Nas 2 vezes que fiquei sem bateria, foram os pré-pagos que me ajudaram. Mas cometi a burrada de não atualizar o software do GPS em um deles e acabei ficando sem GPS nenhum quando a bateria do celular/GPS acabou em Urubici e Blumenau.
Verificar se o carregador 12v da moto consegue alimentar a bateria do celular/GPS de maneira eficiente - não fiz isso e acabei sem bateria.
Ter deixado todos os hotéis e pousadas reservados foi um sossego, chegar numa cidade e ficar correndo atrás de vagas é um tormento desnecessário.

A moto - Triumph Tiger 800XC

A moto foi excepcional! Enfrentei qualquer terreno que aparecia na frente, mas trocar os pneus por uns de uso misto seria melhor, nas estradas de terra os pneus originais escorregavam muito nas pedras e na terra fofa.
Tem motor de sobra, a suspensão é um primor, o banco não é dos piores mas incomodam depois de 1h30 de pilotagem (preciso ficar alternando entre sentar mais pra trás e mais pra frente).
O que foi realmente um incômodo foi que a roda traseira joga MUITA sujeira no bauleto, o bocal da chave fica cheio de sujeira (não sei se isso acontece com todas as BTs).
A autonomia dela na estrada foi boa variando entre 18 e 20 km/l raramente encontrando gasolina podium nos postos.
Ter rebaixado a moto para que eu pudesse apoiar melhor os pés no chão dificultou estacioná-la pois ela fica muito reta no descanço lateral, precisei pensar muito em como e qual melhor posição pra parar a moto. Vou checar na CC se o descanço da 800 (que é mais baixa que a XC) é mais curto e ver qto custa pra trocar.


A Câmera - Panasonic Lumix DMC-TS4

Apesar de não ser uma GoPro, a câmera funcionou super bem e fez boas filmagens mesmo presa na moto - o ideal é prender ao piloto pois treme menos, mas não encontrei um bom suporte e ela é pesada demais pra prender no capacete.
Me arrependo de não tê-la usado mais intensamente nas estradas.


Software de GPS - Sygic Navigation - instalado num Android


Apesar de ter sido atualizado recentemente, muitas estradas estão com erros e alguns comandos de voz não são precisos e é necessário olhar a tela pra entender, um exemplo: quando é preciso pegar uma alça de acesso o GPS diz: "mantenha-se à direita", ele só entende as saídas que são numeradas, essas sim ele indica corretamente e até sinaliza a direção da cidade: "pegue a saída X - Indaiatuba (p.ex)".
Rotas multiponto não funcionam, ele perde a referência, e refaz o caminho ignorando o ponto do meio. Quando fui pra Capão Bonito e queria passar por Morretes, num determinado momento ele começou a me mandar voltar por onde tinha vindo, perdi quase uma hora de viagem. Tive que primeiro fazer a rota pra uma cidade, depois pra outra.
Foram poucas as numerações de ruas que estavam corretas, eu cheguei "perto" dos hotéis na maioria das vezes.
Ele tem a opção de "desenhar" a rota, mas até hoje não consegui fazer funcionar.
Ele enlouquece "do nada" e muda a rota radicalmente, por isso é melhor estudar bem a rota e ignorar essas panes que depois ele se acerta. Quando estava indo de Morretes pra Capão Bonito, na cidade de Apiaí ele mudou a rota radicalmente e insistia em me jogar numa estrada de terra. Na dúvida, siga as placas ou pergunte.
Preciso realmente investir num GPS pra moto pra fazer uma viagem longa dessas.


Eu nisso tudo


Pensando muito em tudo isso, foi realmente uma loucura fazer essa viagem, principalmente por ter pouco mais de 1 ano de habilitação e ter pilotado minha primeira moto com marchas, pesada e com pouco apoio nos pés por 3 meses só nos finais de semana e enfrentar sozinho 3600km de estrada.
Dei muito trabalho para meus mentores! Deixei meus pais apreensivos e meus amigos preocupados em alguns momentos.
Me impus um desafio um tanto grande, tive muito medo de enfrentá-lo, pensei em inventar uma desculpa pra não fazê-lo, mas fui em frente.
Eu ainda tenho muito o vício de viajar de carro, quero chegar logo, podia ter parado mais pra aproveitar a vista, tirar mais fotos, mas tb não sei se o sol e o calor atrapalharam essas paradas extras, quem anda de moto sabe bem o calor que dá "até na alma" quando a gente para a moto no sol, o vento para e todo o calor que se acumulou no corpo depois de horas pilotando sob o sol, parece que sobe de uma vez só. Se eu tivesse ido com mais alguém, provavelmente seria forçado a parar mais, e possivelmente não acabaria lesionado no final da viagem, forcei os limites do meu corpo e ele respondeu, me deixou de molho!
Estou orgulhoso de mim, feliz e agradecido por tudo ter transcorrido bem. E agora já planejo as próximas viagens, tenho 10 dias em junho e 20 dias no final do ano, e se não arranjar companhia, vou solo de novo, agora eu sei que sou capaz.
Agradeço a todos os motociclistas que me cumprimentaram nessas estradas, foram poucos com quem cruzei mas quase todos cumprimentaram. Vocês não sabem como isso aqueceu meu caminho solitário, me senti menos máquina e mais motociclista.
É um gesto simples mas que nos conforta na estrada!

Espero que esse relato ajude alguém a se encher de coragem e determinação e partir para sua aventura solo. Não é um bicho de 7 cabeças, mas é preciso muita prudência, atenção e planejamento. Respeite seu corpo, conheça os limites de sua máquina e tenha em mente que você não precisa chegar rápido, nem bater recordes de distância percorrida sem sair de cima da moto, o principal objetivo é chegar inteiro, leve o tempo que levar.

Motoabraços a todos e boas estradas!